criado em: 26 de fevereiro 2008 ás 22:35

última alteração: 17 de Maio 2009

 

   

 

 

 

membros da Shihankai da JSKA, Participantes no estágio

mais fotos brevemente
 

foto do sensei Abe e sensei Vilaça com malta muito fixe do meu amigo Mauricio

 

8 de Março 2008, das 10:30 ás 12:00 - 17:00 ás 18:30.estágio aberto para graduações acima de 3º kyu.

Após um fim-de-semana intenso a treinar, o normal e o que mais apetece fazer é, sem dúvida, descansar. Pois bem, a mim o que me apetece fazer é rever cada momento para que nada fique esquecido. Fiquei impressionada (como sempre fico) com o estágio que decorreu neste fim-de-semana com o Sensei Vilaça Pinto 7º DAN, Treinador Nível III. Antes de continuar, para quem possa ler este artigo e não saiba o que significa 7º DAN, passo a explicar: 7º DAN é o sétimo nível da graduação de cinto preto, o qual é muito difícil de alcançar, só com muitos e bons anos de prática e total dedicação é que se consegue lá chegar. Vou fazer uma comparação um pouco metafórica ou talvez hiperbólica, mas é para que percebam: o Sensei Vilaça é importante para o Karaté Shotokan português assim como o Eusébio é para o Benfica ou Florbela Espanca para a Poesia.  

Antes de me debruçar sobre o assunto questionei-me se o deveria ou não fazer… Perguntei-me se estaria à altura para comentar o trabalho de alguém que tem mais anos de karaté que eu de vida… No entanto, arrisquei. 

O estágio organizado pela Associação KarateDo Shotokan Pedra Mourinha, dividiu-se em sessões de treino durante todo o fim-de.semana (sexta-feira, sábado e domingo) com o objectivo de desenvolver os três princípios básicos do kumité: timing, distância e mobilidade. Passo a explicar: o timing é a percepção que o atleta tem que ter para reagir no tempo certo, neste caso para atacar e marcar na altura devida (a qual poderá ser quando o adversário está mais vacilante ou instável, por exemplo). Poderá ter uma técnica muito boa e forte, mas se não tiver timing nunca terá sucesso; a distância certa para se ter em kumité nem é demasiado perto do adversário nem demasiado longe, uma vez que se estivermos muito perto o oponente poderá antecipar sem nos apercebermos ou se estivermos demasiado longe, caímos no erro de fazer técnicas para o ar, sem chegar ao nosso objectivo que é pontuar; a mobilidade é a movimentação que o corpo tem que estar habituado a fazer sem pensar antes de o fazer. Esta movimentação consiste em saber mover-se para atacar e/ou esquivar para defender e logo contra-atacar nas diferentes direcções (em todos os sentidos em linha recta ou na diagonal), utilizando o Taisabaki (esquiva completa ao ataque do oponente, evitando-o. Desvio do corpo para fora da linha do ataque). Deste modo, o Sensei Vilaça mostrou-nos um leque de variadíssimos exercícios que poderíamos fazer para que esses princípios (timing, distância e mobilidade) fossem desenvolvidos.

 

 Uma coisa curiosa foram as diversas chamadas de atenção que o Sensei fazia ao longo dos treinos. Chamadas essas que eram tipo ensinamentos não só para o Karaté em si, mas também para a realidade do nosso dia-a-dia. A que me ficou bem gravada foi o facto do Sensei referir várias vezes que devemos ir devagar com os treinos e tentar subir um degrau de cada vez. Isto aconteceu porque os participantes no estágio sentiram-se de tal maneira motivados pela forma como o Sensei transmitia todo o conteúdo do treino que os  presentes sem se aperceberem estavam, logo no primeiro treino, a puxar todo o ácido láctico que tinha nos músculos!!! Posso mencionar outras chamadas que nos faz pensar em muitos parceiros de treino que temos ou que já tivemos e que não nos ajudaram a aprender ou a desenvolver o nosso Karaté. O Sensei referiu que os parceiros de treino, especialmente no kumité, não devem complicar o treino do outro, mas sim ajudá-lo a evoluir para atingir o sucesso. Para além de tudo isto pediu-nos para que exigíssemos de nós próprios rigor, concentração e atitude durante um treino, pois só deste modo conseguimos atingir o nosso melhor e evoluir. Agora, pergunto-me se isto não são também princípios para o nosso dia-a-dia em sociedade, lazer ou mesmo profissionalmente. Há que saber ler nas entrelinhas do discurso do Sensei, daí tiramos muito sumo proveitoso. 

Mais tarde, o treino direccionou-se para a kata onde foram feitas todas as Heians (Katas básicas), a Bassai Dai (Kata de cinto castanho) e duas de Cinto preto (Nijushiho e Chinte), mas antes disso foram feitos e repetidos esquemas em kihon nas diversas direcções como treino para essas mesmas katas. Como ponto final ao estágio, que para mim mais valeu como cheque-mate, finalizou-se com um torneio para  os participantes no estágio.  

Durante este fim-de-semana reparei que alguns karatecas mais novos desconheciam o significado bem como a importância da palavra OSS. Pois bem, para que fique esclarecido

OSS (cuja transcrição exacta do japonês é OSU) é uma expressão fonética formada por dois caracteres. O primeiro caracter "osu" significa literalmente "pressionar", e determina a pronúncia de todo o termo. O segundo caracter "shinobu" significa literalmente "suportar".

A expressão OSS foi criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia-a-dia como "sim", "por favor", "obrigado", "entendi", "desculpe-me", para cumprimentar alguém, etc., bem como no mundo do Karaté para quase qualquer situação onde uma resposta seja requerida. Para um karateka, OSS é a palavra mais importante.

A palavra OSS implica em pressionar a si mesmo ao limite da sua capacidade e suportar. OSS significa, de uma maneira mais simples, "perseverança sob pressão". É uma palavra que por si só resume a filosofia do Karaté. Um bom praticante de Karaté é aquele que cultiva o "espírito de OSS".

OSS não deve ser dito de forma relaxada, usando apenas a garganta, mas, como tudo no Karaté, deve ser pronunciado usando o "hara" (diafragma). Pronunciado durante o cumprimento, OSS expressa respeito, simpatia e confiança no colega. OSS também diz ao Sensei que as instruções foram compreendidas, e que o praticante irá fazer o melhor para seguí-las. Deste modo, cabe a cada professor, treinador, mestre ou Sensei mostrar e explicar aos seus atletas a grandeza desta pequena palavra.  

Aproveito os diferentes significados desta palavra para dizer OSS (obrigada) Sensei Vilaça, OSS (desculpe-me) se falhei em alguma coisa durante o estágio e OSS (até breve) Sensei. 

Marisa Nunes, 3º dan, Treinadora nível I, pela FNKP

Instructora de Karate na Associação KarateDo Shotokan Pedra Mourinha,

Instructora de Karate na Escola Internacional do Algarve

Prof. na Esc. Internacional do Algarve

Portimão, 25 de Fevereiro de 2008

 

brevemente serão colocadas aqui mais fotos do estágio também com as crianças.

 

foto de grupo, este estágio teve a participação de:

Associação Karate Shotokan Pedra Morinha-Portimão;

Associação Karate Shotokan Alvor

Escola internacional Algarve (instructor Sensei Marisa Nunes 3 dan, TNI)

C.Karate Silves, (instructor Sensei  Norberto 1º dan) T.Monitor)

C.Karate Portimão (instructor Sensei David Vicente 4º dan TNI)

Liga Karate Shotokan do Algarve Presidente Sr. António Costa 1º dan T.Monitor)

Clube Karate do Oriente da Pedra Mourinha,  Sensei José Maria 1º dan.

Almeirim, Sensei Artur, 1º dan TMonitor  

Centro Karate de Agueda Sensei Luis Gonçalves 4º dan

Paços de Ferreira Instructores Sensei José Xavier 4º Dan e Sensei José Mendes 2º dan

 Os meus agradecimentos pela participação

 

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